Das coisas que se aprende em uma auto escola: pessoas sempre se vão

setembro 03, 2014


Ontem eu fui à auto escola para minha última aula teórica. Confesso que não queria ir, pois sabia que se fosse, teria que me despedir da turma e da professora, das aulas e conversas que eu estava gostando tanto. Terminando a último aula, eu teria que ir embora. Ir significava que meu tempo ali tinha acabado, que era preciso começar uma nova fase, uma nova etapa. Fiquei triste, mas fui. Aprendi algo novo lá, nada relacionado a legislação de trânsito ou a carros. Algo que eu não sabia que se aprendia em uma auto escola.

Quando cheguei, a "tia" me perguntou se eu faria a prova no dia seguinte, eu disse que sim. Eu claramente não tinha entendido porque ela perguntara pra mim, pensei que ela se lembraria que eu já tinha terminado o curso, que só estava lá para a revisão. Então ela justificou a sua pergunta, dizendo: "às vezes perco algumas pessoas". E isso me fez pensar muito. Sou aquele tipo de pessoa que acredita que somos moldados por pequenos momentos, por situações que ninguém espera nada, e não por grandes acontecimentos, desses que geram alarde. Essa pequena frase, embora tão simples, me fez refletir bastante. Ao ouvir isso, minha tristeza foi embora, porque eu entendi imediatamente que é assim que as coisas funcionam, e que não é preciso se entristecer por isso.

Sou do tipo que se apega fácil. E como alguém que se apega fácil as coisas, sinto muita falta quando chega o momento de se despedir. Eu tento o máximo possível manter tudo e todos ao meu lado, próximos a mim. Mas nem sempre é possível. É doloroso, é triste, mas precisamos deixar que as pessoas se vão quando chega seu tempo. Não vamos esquecê-las, nem deixaremos de gostar delas, vamos apenas deixarem que elas sigam seu caminho, que terminem o que começaram, que iniciem uma nova etapa. 

É claro que a professora não se esqueceu de mim. Seu perder significava que ela não sabia se algumas pessoas já tinham terminado o curso ou não. Mas também significava que ela deixava as pessoas irem embora. Deixava porque sabia que era necessário, ninguém chegava ali pra ficar. É um curso temporário, as pessoas vem e vão. É natural, é a vida. Novas pessoas virão, e elas também se vão um dia, não porque se esqueceram ou deixaram de gostar de nós, mas porque é preciso. Não há necessidade de tentar mantê-las por perto, nem mesmo é possível. É preciso deixá-las ir assim como é preciso que nos deixem ir. Não é triste nem injusto, é assim que as coisas são, por mais difícil que seja, às vezes é preciso perder algumas pessoas. Aprendi isso na auto escola.

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2 comentários

  1. A gente não imagina o quanto aprende em uma situação tão banal. Seu texto me lembrou isso, e foi bom. Principalmente quando se está numa fase em que uma mudança brusca está prestes a acontecer e você se dá conta de que é normal ter medo de perder as pessoas mas não significa necessariamente que perdê-las seja algo ruim. Enfim, gostei do texto :D
    Beijos

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  2. O terceiro parágrafo quase me define por completo. Eu evito me apegar, pois sei que me apego fácil e com uma intensidade absurda. Acho bonito quem não deixa de sentir certas coisas por receio da dor. Mas sou do tipo que uma tristeza que deveria ser uma gota, é uma tempestade. hahaha Então evito.
    Mas sim, que texto lindo. O fluxo da vida é esse. E eu acho tão radical quem diz "se deixou de ser amigo, nunca foi". Mas gente, como assim? Faz parte da vida as pessoas se afastarem ou coisas assim. Algumas vezes se torna insustentável. E só por ter acabado já se torna feio? Quando é algo que apenas "faz parte?".
    Belo texto! Isso me fez lembrar de que eu já deveria estar aprendendo a dirigir, mas que nada. hahaha Espero até final do ano, entrar em uma! Beijos e boa próxima semana! ~

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