Evolução

dezembro 22, 2014

Meu pai tinha uma câmera, bem antiga. Era daquelas que você tinha que colocar o filme e olhar no visor pra fotografar. Era pesada, precisava de pilha, de rodar o filme manualmente, e cada filme fotografava no máximo 30 fotos. Às vezes as primeiras e as últimas fotos queimavam, então nem sempre era trinta. Trocar o filme era custoso, e se você não soubesse o que estava fazendo, poderia queimar o filme todo. Isso mesmo, perder todas as fotos. Isso significa que, com aquela máquina, tirávamos 30 fotos em cada ocasião especial que queríamos fotografar. Nada de selfies, de paisagens, de comida — cada fotografia deveria ser pensada com calma. Cada clique, uma reflexão. As fotos tinham significado. Cada retrato era bem pensando.

Hoje, vejo pessoas tirando milhões de fotos, mas não vêem o que estão fotografando. Aproximam-se do seu assunto, clicam, se afastam. Colocam filtros, editam, postam, compartilham... Mas não olham. Nem as fotos, nem o que está sendo fotografado. Sinto falta da minha câmera antiga. Sinto falta de quando as pessoas se importavam com o que estava sendo fotografado. Uma foto tinha importância, significado. Hoje uma foto é apenas uma foto. Tudo automático: aproxime-se, clique, edite, poste, espere. Acho que, a medida que a tecnologia avança, nossa capacidade de contemplar regride.

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3 comentários

  1. Lembro dessa época e o mais moderno era a polaroide!!!
    Concordo com vc em partes, já que a maioria das pessoas seguem esse exemplo que vc citou, mas ainda temos muitos que sabem admirar e planejar com calma o que querem clicar. Acredito que na vida devemos ter cuidado para não generalizar as coisas e as pessoas. Mas enfim foi válido o tema proposto para reflexão.

    Leituras, vida e paixoes!!!!

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  2. Oi Marina;
    Também tenho um pouco de saudade dessa época.
    Mesmo com essas câmeras antigas eu arriscava selfies e tinha que esperar a revelação para ver se tinha saído direito. Ir buscar as fotos era quase tão bom quanto tirá-las! :D
    Sim, hoje tudo está mais rápido, simples, plastificado. Aos poucos tudo está perdendo o significado e se tornando comum. E não é só a fotografia. Passaram a beijar sem compromisso (lembra como era esperar aquele beijo daquela pessoa? E se rolasse era namoro!), descartar o que estragou sem consertar (afinal sai mais barato), mandar mensagens virtuais ao invés de cartões pelos correios (okay quando você não tem o endereço da pessoa). As pessoas estão vivendo numa pressa que não sei para que tanta velocidade.
    Espero que um dia parem e reflitam.

    Beijusss;

    http://hipercriativa.blogspot.com.br/
    https://www.facebook.com/BlogMenteHipercriativa

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  3. Achei incrível sua reflexão!
    Eu fui criada por meus avós, e meu avô tinha mania de tirar foto. Na época eu achava um saco tirar foto dos passeios, das comemorações etc. Mas hoje eu agradeço a ele por isso, porque é graças a isso que temos memórias e registros dos melhores momentos da vida.
    Tenho fotos reveladas de todos os aniversários. Até meus 15 anos, que foi quando ganhei minha primeira câmera digital. Até ano passado, eu não tinha nem revelado as fotos, mas hoje vejo a importância disso e revelei tudo que eu tinha de valioso no computador.

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